quarta-feira, 9 de junho de 2010

Correr no colectivo

13ª Estafeta do Bairro Alentejano-Palmela

Á semelhança dos dois anos anteriores, em finais de Maio, rumei ao Bairro Alentejano na zona de Palmela, para participar na estafeta, após a minha primeira prova na estafeta, interrogava-me o porquê de lá voltar.
É uma prova rápida, curta para atletas pouco rápidos como eu, está calor, afinal que me faz lá ir há três anos consecutivos.
Pensei, será porque as minha raízes são Alentejanas, será essa simpatia e afinidade, será porque se estabelece o compromisso com mais três amigos que contam comigo para fazer a equipa? Hoje dissipei todas estas dúvidas. Habitualmente terminada a prova rumava a casa.
Nesta prova existe ,oferecido pela organização aos atletas, um almoço após a mesma. Nunca lá fiquei, este ano, inicialmente, pensei em ter a atitude dos anos anteriores, não me meter em confusões e sair dali para casa, mas em boa hora mudei de ideias e decidi ficar. Digo em boa hora, porque o ficar permitiu-me entender a essência da prova e saborearum simpático almoço.
Vamos por partes: almoço excelentemente confeccionado, umas febras com uma salada e um arroz de cenoura excelente, sumo de laranja (no meu caso) ou vinho á descrição. O que parecia ir demorar tempo para que fossem servidos os almoços, verificou-se errado, em menos de 45 min estavam sentadas á mesa centenas de pessoas a saborear o repasto.
Self-service ( em português, vai tu buscar o prato) rápido, comida q.b., simpatia de quem servia, excelente.Logo ali deu para perceber o que está na essência desta prova, o colectivismo ou esforço conjunto das pessoas para um objectivo comum, dar a quem vai participar e acompanhar a prova motivos para sair dali a pensar vale a pena voltar, o tratamento é excelente. Intrigava-me o tipo de prova, mais de 21 km, dividos por 4 atletas, porquê esta formato de prova, que acaba por ser original, eu pelo menos não conheço mais nenhuma do género, excepto a maratona de Lisboa que faz estafeta do mesmo género na distância, mas só há 2 anos.
Agora entendo a prova, representa o espírito que preside á Colectividade do Bairro Alentejano em Palmela, ou seja, o colectivo é que importa, a prova prolonga esse espirito e incentiva-o, é um colectivo que faz a prova, esforço conjunto para obtenção do resultado. E mais ainda , todo o esforço para proporcionar aquele repasto é feito num acto voluntário, pessoas que se levantam de madrugada para começar a prepará-lo. É um Portugal que me lembra o associativisto, as colectividades que vão desaparecendo, onde a moda do cattering (mais um estrangeirismo) ainda não se tinha imposto. Havia identidade, e no Bairro Alentejano
em Palmela essa identidade ainda é uma realidade.Hoje começa a dissipar-se este tipo de esforço colectivo,aqui encontrei um belo exemplo de que ele ainda existe. E mais, é muito válido e cativa,por isso para o ano vou voltar, não porque sou Alentejano, mas porque me cativou este espírito. E mais posso afirmar que são dos mais generosos nas oferendas, tendo sempre o cuidado de oferecer até ás 60 primeiras equipas um troféu, bem como a uma tshirt aos participantes.
Por vezes ainda reconheço este país, ainda existe identidade, este é um belo exemplo.